sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estórias

E tem Gente grande morando na gente.
As histórias dos outros invadem nossa mente ainda em treinamento.
Se alojam e provocam nossos pensamentos clandestinos.
Eita!Que tem gente grande morando dentro da gente.
Querendo Desbravar o mundo.
Sem antes olhar por um segundo,a janela de casa.
Me pego pensando na história da menina magrela.
Que contara outro dia.
Que uma chuva de flor pairou na cidade.
E tudo era contado no máximos detalhes
Da visão de um cego.
Que permanecerá em nossas memórias.
Olhar o mundo com a sensação de uma cegueira.
Assim como outras estórias que há de se contar.
De tantas Marias,Joaquinas,Severinas,Manoel,Pedros e Paulos
Que estão nas esquinas de casa e nunca paramos pra olhar.
Que nosso quintal é gigante.
Tamanho que não nos damos conta.
Lembro das pipas brilhantes que via os meninos de pés empoeirados empinar.
E que não achava a menor a graça.
A não ser brincadeira chata de ficando olhar pro ar.
Que pular corda não é mais brincadeira de criança.
E que ser criança exige muito treinamento no olhar.
Num corpo que estranho agora.
O olho quando vejo no espelho.
Não é mais o mesmo corpo de um mês atrás.
Eita! Que descobrimos que o silêncio é importante.
Que nós não seremos mais o mesmos de antes.
Que a nossa boca de gente "grande"
Precisa saber calar mais.
E escutar melhor.
Que uma roda é ritual.
Estar também é!
Que conviver com estórias diariamente diferente das nossas, não é mais tão simples.
E daqui em diante isso só vai aumentar.
Até que não tenha mais dúvida pra quem mora dentro da gente.
E nos constestam com pensamentos invasivos!
Que podemos desbravar o mundo e nossos quintais, com maior riqueza em nosso olhar.
E assumir as éstorias do outro e contar para todos em um desbravar só!

ass: Marcela Cabral/Mar

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vista da Janela do meu quarto (meu jardim etereo)


Hoje sai da aula querendo ficar em silêncio.
Querendo só ouvir o mundo... e olhá-lo de outro jeito.
Vê-lo mais como Zé Pierre e menos como multidão.
Ouço, agora enquanto escrevo, uma música que fala de mar... de amar.
E lembro da Monique falando sobre paixões e o do quanto ela falava apaixonadamente sobre isso.
Lembro da Clarice, a tal Lispector, dizendo:
"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca."
E penso em quanto somos levados pelas sensações do mundo e o quanto somos sensação.
Tudo afinal é uma questão de toque; de como e quanto somos tocados por algo (e/ou alguém). É o comover: mover junto. Tirar do cotidiano cinza e mover para o reino do fantastico, do incrivel, do lúdico.

No caminho até aqui vim lendo um texto que falava sobre esse tempo poético: tempo poético de vida, tempo que nós estabelecemos quando e onde queremos. É tudo uma questão de "querença" mesmo. O problema é que ficamos divagando tempo demais entre o Ser e o querer, e nos perdemos na imensidão de opções... Ás vezes tudo o que temos que fazer é parar pra observar a "pequenez" dos nossos jardins, porque é no pequeno que podemos enchergar o universo inteiro. É detalhe!


Gislaine Pereira

terça-feira, 27 de abril de 2010

Exaustão,
uma parte de mim queria parar a outra não,
agora meus joelhos doem e também minha mão,
buscamos a evolução,
então usamos a repetição,
hoje fizemos gato, galinha, cachorro e leão,
um dia nossos corpos vão fazer tudo isso de cor(ação).


Henrique Rímoli

sábado, 17 de abril de 2010

Sensações paradoxais


Somos uma pequena parte desse imenso todo. Infinito, inalcansável. Um grão de areia na praia, uma gota de água no oceano, uma estrela no céu do universo. Mas o que seria o todo sem suas partes?

As vezes me pego pensando a respeito desse imenso universo em que vivemos, no incrível paradoxo que ele nos traz a cada momento. A fúria de um filhote recém nascido, as agitadas águas da calmaria do oceano, o azul tranquilizante do céu que ofusca nossos olhos, a linda luz do sol que nos queima a pele, até mesmo o caos da cidade que nos relaxa a mente.
Afinal, somos um eterno paradoxo. Somos ciclos sem fim!
Nascimento, vida e morte. Que nos faz questionar a cada dia os mistérios que nos inquietam a alma.

E de uma maneira bem mais simples, choramos para fazer rir, a cada minuto!


Rita Masini
direto de um casamento hippie chique na zona rural de porto alegre


Ensaio sobre a Cegueira- Entre Vendas

Entre vendas
Quem sou ?
Uma cega talvez, ou apenas vendada?
Por minutos vivi entre a escuridão.
O ver absolutamente tudo é nada.
Vi uma São Paulo agitada apenas por sensações.
O sol corou meu rosto, de inicio desconfiado.
Uma cega sendo guiada pelas ruas do Vale do Anhangabaú.
Entre cruzamentos,ruas esburacadas...Feiras livres mendigos; arvores ainda permanecem.
Eu sendo guiada por pessoas mudas .
Mais de sintonia igual ao meu corpo.
Confiança em doar-se ao outro.
Tudo pela primeira vez senti.
PanorÂmica sou.
Pensei diversas vezes enquanto era guiada.
Ganho asas na ponta de uma ladeira.
Sorriso de criança esboçei no rosto.
Estava em um livro de Saramago?
Não.
Fazia arte com os meus sentidos, na São Paulo cinza.

Por: Marcela Cabral/ Mar

Ensaio sobre a cegueira - II

Andar de olhos fechados... prazer.

É ter que confiar e esquecer de se preocupar com você. É se entregar de corpo todo e acreditar que o outro tem bons olhos, melhor que os seus. É preciso não tentar decifrar. Só aceitar. Deixar-se ser levada... onde? Em uma montanha ingreme, cheia de detalhes inimagináveis, onde o sol se põe. A bicicleta passa aqui do lado. Uma mulher de salto alto, apressada passa rápido. Um homem com pressa. Um rapaz com um chaveiro na mochila. Um homem que me galanteia na escuridão e perde a face diante de mim. Um ou dois curiosos me param.

O cheiro do vento. O cheiro de sujeira na rua. O cheiro da árvore. O cheiro de um bom perfume de alguém que passou aqui bem perto. O cheiro de cabelo recém lavado. O toque que me guia com cuidado e carinho...

Quanto mais você confia, mais longe vai. Mais alto sobe. E pula lá do alto. (Se quiser, só se quiser)

Eu ainda quero subir. Ainda quero confiar e não ouvir tantas vozes, quero só ouvir o vento e sentir os vários cheiros que ele traz. Com-fiança.

Quando guiei... des-confiança... queria ter levado mais longe... mas agente só pode levar alguém na montanha se esse alguém quiser subir também. Ficamos no quase. Quase fomos lá... Não foi? Agente ás vezes tem medo demais. O medo nos impede de ir mais longe e até de ser, de estar, de permanecer ali, de olhos vendados e espirito aberto. É dificil confiar nos olhos e nos passos de um outro alguém... Mas vale a pena. Há muito pra se ver pelos olhos e pelos passos do outro.


"A diferença entre o extraordinário e o ordinário está no extra, essa pontinha de dedicação a mais que você se dedica..."


Gislaine Pereira - Gis

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ensaio sobre a cegueira

éramos um cego e um mudo,
qual a comunicação?
o toque,
e muita sintonia
e principalmente confiança,
a percepção que temos do mundo
com a visão é completamente diferente
da percepção sem a visão,
sem enxergar nossos outros sentidos
ganham proporções bem maiores,
o sol esquenta diferente,
o cheiro te envolve diferente,
seu tato sai das mão e ganha o corpo inteiro,
eu queria poder sentir tudo isso
mas com os olhos abertos,
queria ampliar para o corpo inteiro
essa captação do mundo
que a gente centraliza no olho,
eu quero e vou buscar.

Henrique Rímoli

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Queremos SER apanhadores de desperdícios

"Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantese aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões
.Prezo a velocidadedas tartarugas mas que a dos mísseis
.Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas.
Queria que minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou a informática:eu sou da invencionática.
Só uso a palavra pra compor meus silêncios.


Manoel de Barros




Que nossa caminhada seja longa,mais que reverbere todos os dias o nosso aprendizado


Por: Marcela Cabral/Mar

Wall-e

Onde está o real valor das coisas?
Eu ainda acho que está nas coisas pequenas e (aparentemente) insignificantes.
Insignificante pra mim é: aquilo que é desprovido de significado!
Segundo o dicionário insignificante é: 1 Que nada significa. 2 Que não tem valor; sem importância. s m+f Pessoa sem importância.

E o que tem significado pra nós? O que é que tem sentido?

Certa vez ouvi que "onde está seu coração, aí está seu tesouro" e nunca me esqueci disso. O nosso tesouro é aquilo que nos é sagrado, aquilo que buscamos e/ou queremos preservar.
O Wall-e é um robozinho que é mais humano do que muitos de nós. Outro dia parei para pensar sobre os meninos que ficam ali no Anhangabaú... é muito revoltante vê-los naquela situação, é triste pensar que aqueles meninos não tem casa, não tem comida, não tem carinho e não tem nem o nosso olhar. Porque todos os dias passamos por eles e, talvez por comodidade ou por medo, fazemos de conta que eles não existem. Aí eu volto ao Wall-e: percebeu que ele estendia a mão para todas as pessoas pelas quais ele passava? Percebeu que ele olhava nos olhos de todos que passavam por ele? Eu percebi!
E me senti menos humana que ele.
Em muitos momentos paramos para pensar em como o mundo é injusto, em como SP é uma cidade cinza, cheia de lixo e rodeada pelas mazelas socias. Mas, sinceramente, quanto tempo gastamos tentando levantar meios de fazer algo para que isso mude? Quanto tempo dedicamos pra olhar o mundo com olhos de compaixão? Quanto tempo gastamos dizendo bom dia?
Hoje um onibus cheio de crianças parou do meu lado e duas meninas me chamaram! Me senti muito importante, aí ela disse que estava indo ao teatro e me desejou um bom dia!
Mais tarde uma menina, que brincava em um orelhão, me ofereceu o fone e fiz que não com a cabeça e fiz cara de que não queria falar com a pessoa do outro lado... ela ficou rindo.
Vivo me perguntando o que posso fazer pelas pessoas que estão "abandonadas", a mercê do destino... Agente tem mania de querer fazer o grande e esquece de fazer o minimo. Existem muitas coisas ao nosso alcance que deixamos de fazer porque preferimos esperar que o governo ou 'alguém melhor' faça.
Porque não podemos ser esse alguém melhor? É sempre mais fácil esperar pelo outro e colocar a culpa no "sistema". Eiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... nós somos parte desse tal sistema e se não fazemos nada pra melhorar, então compactuamos com ele. Viramos aqueles humanos gordos e sedentários do filme que estão tão ocupados com as suas vidinhas mediocres que se esquecem de olhar pro lado e ver a vida real.
Sabe o que acho mais bonito no Wall-e? Essa capacidade de viver o presente e resignificar tudo.

Foi exatamente por isso que escolhi fazer palhaço. Porque o palhaço é um Wall-e, alguém que quebra esse ritmo cotidiano e ousa jogar cor nas paredes enquanto canta. Alguém que joga o anel fora e fica com a caxinha na mão. As mãos dadas... ah... Eu não me esqueço das mãozinhas dele entrelaçadas, esse era o tesouro dele, era ali que estava seu coração. Não consigo me esquecer da voz dele chamando a E.V.A. É só isso que ele quer e é por conta desse querer que todo resto acontece.



O palhaço vê o mundo como possibilidade, como oportunidade... é sempre algo novo que se oferece a cada esquina. Cabe a nós ver e resignificar.

By Gislaine Pereira



P.s.: se puderem (e quiserem) vejam:
http://www.youtube.com/watch?v=kmw1yYRdDOM&feature=related




andamos todos os dias sozinhos
com as nossas baratinhas no ouvido,
rodeados de pessoas que fingimos nem perceber,
a nossa baratinha é mais interessante,
o lugar que encontramos mais amigos ao mesmo tempo
é a internet,
e é o lugar onde estamos mais sozinhos,
agora por exemplo estou junto de mais de 700 amigos,
mas no meu quarto só esta eu e minha baratinha,
eu e minha baratinha.


Henrique Rímoli

quarta-feira, 7 de abril de 2010

entre calangos,
sambaleles,
pobres meninas,
sabiás
e mandacarus,
nossas pirações postas em pratica,
nossa primeira apresentação
nossos clipes foram como a maioria disse hoje "legais",
mas ta só começando.

Henrique Rímoli

segunda-feira, 5 de abril de 2010

sabiá foi la pro terreiro,
e foi dançar com o sambalelê,
e a pobre menina que só quer
só pensa em namorar,
tanto dançou que perdeu a saia.

Henrique Rímoli
Assim iniciamos nossos estudos, abertos ao novo horizonte que se abre a nossa frente!
E agora, quase um mês depois, estamos aqui! Faça chuva ou faça sol, sorrindo ou chorando, dormindo ou acordando....

Que nossa caminhada seja prazerosa a todos, e que nosso espaço de troca e aprendizado nos faça REVERBERAR ao mundo nossas inquietudes mais e mais a cada dia. E que os faça RIR!


Rita Masini