domingo, 6 de junho de 2010

Espirito de Porco

Isso ocorreu em uma pequena cidade do interior Paulista num finzinho de tarde frio e chuvoso do mês de Agosto, não se via nenhuma alma viva em qualquer canto que se olhasse, as vendas já tinham baixado suas portas, os botecos não tinham mais nenhum cachaceiro caído nas portas, nem os pássaros arriscavam sair de seus ninhos, todos estavam dentro de suas casas se aquecendo e João Cláudio encontrava-se só pelas ruas da pacata Guapiara, ele era filho único de pequenos agricultores que a muito residiam na região e o sitio em que morava ficava distante do centro da cidade e neste momento já havia perdido a carona que o levaria de volta até sua casa, sem ter onde passar a noite ele decide ir caminhando.
Ia sem pressa pelas ruelas de paralelepipedo que cortam a pequena Guapiara, a noite já começara a cair e passando pela porta da igreja um barulho de algo caindo la dentro chama sua atenção, a porta abre-se lentamente e de la sai um gato negro, negro como a noite e de olhos que brilhavam mais que a lua num céu sem nuvens, neste momento uma brisa leve e gélida beija seu rosto e um arrepio toma conta de seu corpo deixando-o estático enquanto o gato atravessava calmamente a rua até subir em um telhado e desaparecer nas sombras .
João Cláudio retoma o controle do corpo e começa a andar mais acelerado até chegar na estrada de terra batida, molhada pela garoa onde ele escorrega e torce o tornozelo, ali ele fica sentado com muita dor até que ouvi um ruído irreconhecível vindo do mato, rapidamente ele se coloca na estrada que neste momento era iluminada apenas pela luz da lua cheia que tenta se esconder por entre a neblina que agora toma conta de tudo a sua volta, e põem se a andar mesmo com dor, o mais rápido possível, só que ele começa a ouvir aquilo o acompanhando por entre o mato e então João Cláudio começa a correr e aquilo foi junto a ele até que chegasse em casa e abrisse o portão de madeira com um empurrão tão forte que o deixou pendurado, tentou abrir a porta mas estava trancada por dentro e aquele ruído começou a aproximar-se e antes que aquilo o pegasse, sua mãe abriu a porta e ele caiu no chão levantando rapidamente para fechar o trinco, arrastou o sofá e encostou nela.
Depois de contar o ocorrido a seus pais, sua mãe munida de uma vassoura e seu pai de uma espingarda abrem a porta e se deparam com uma figura amedrontadora com quase 2,50m de altura, a cabeça de um javali com presas enormes, os ombros largos e o corpo todo peludo, eles ficaram se olhando por alguns instantes e quando o monstro ia abrir a boca João Cláudio fechou a porta em sua cara, e ouviu-se um grunhido tão forte que estremeceu a porta. E durante toda aquela noite ouviu-se algo rondando a casa.



.Renato Ribeiro.
Co-autoria: Leila Rosa

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